Teatro Intercultural 2006 e 2007

Depois de me formar na universidade, no 2002, pensei: e agora? Então pensei em combinar dois aspectos importantes da minha vida: teatro e shipibos (no ano de 1997 tinha conhecido o povo shipibo e se estabeleceu uma relação que dura até hoje). Assim, decidi fazer um projeto para fazer teatro com shipibos.

Uma coisa levou para outra, decidi fazer meu TCC sobre o tema, entrei em contato com Jeiser Suarez, jovem liderança shipibo, e começamos trabalhar. Enquanto estava fazendo o convite para a oficina, Jeiser me disse que havia muitos jovens mestiços interessados em participar. Decidimos então fazer uma experiência na qual, mestiços e shipibos, possam se unir para fazer arte.

Sempre tivemos a ideia de fazer um bom registro da experiência, e Dante Luza de MAIA Films esteve junto desde o início da experiência. Hernán Sotomayor, que na época trabalhava em MAIA, viajou conosco para gravar e se encarregou da edição do documentário POR EL MISMO RÍO, Teatro Intercultural.

Também se juntou à equipe Jorge Caparó (Capa) como professor das oficinas de artes plásticas.

Em junho de 2006 então realizamos o projeto Teatro Intercultural: Ucayali 2006, no qual, a partir de oficinas de teatro e artes plásticas, criamos dois espectáculos sobre temas de interesse dos participantes.Os temas escolhidos foram a discriminação e o cuidado do meio ambiente. Os espetáculos foram apresentados em três comunidades shipibo e na cidade de Pucallpa.

Naquele momento eu era professor de teatro nos Estudos Gerais Letras (EE.GG.LL.) da Pontifícia Universidad Católica del Perú (PUCP). Depois do meu retorno para Lima, decidimos fazer um novo projeto, pero esta vez juntando jovens mestiços e shipibos de Pucallpa com estudiantes de EE.GG.LL. da PUCP. Nasceu então o projeto Teatro Intercultural 2007.


Ambos os grupos (o de Lima e o de Pucallpa) trabalharam muito para preparar o projeto e em fevereiro de  2007 Capa e eu viajamos para Pucallpa  com 11 estudantes de Lima. Em Pucallpa nos esperavam 11 jovens mestiços e shipibos. Começamos o trabalho e no momento de procurar um tema para o espetáculo, e depois de testar vários, surgiu o tema de "o que vai embora". Encontramos algo que era comum a todos como peruanos: a migração.

Criamos então a peça "¿Te vas?" (Você vai embora?) na qual se refletia sobre distintos aspectos sobre a migração: o que vai embora, o que fica, o que vai embora porque não tem mais opções, o que quer ir embora mas não pode. Esta peça também foi apresentada em comunidades shipibo e na cidade de Pucallpa, e para completar a troca,os jovens de Pucallpa viajaram para Lima onde também se apresentou a peça.

Estas experiencias tem permitido que jovens que tinham muitos preconceitos os uns com os outros, ou que não se conheciam, pudessem se conhecer, aprender de outro e gerar uma identidade que nos ensina que todos somos diferentes porém equivalentes.